Eu leio Diversidade: 7 livros com representatividade trans
Alguns parecem esquecer às vezes, mas a sigla LGBT abarca muitas possibilidades para além dos gays, diversas formas de se entender e amar. Apesar de ser a mais usada, a sigla não dá conta das diferentes sexualidades, para além das mais conhecidas. Nela, a letra T é a única que não se refere a um orientação sexual, mas que abre a discussão para identidade de gênero. Diferença, que ainda gera confusão. Uma coisa é como nos sentimos no mundo, vemos nosso corpo, outra é quem amamos ou sentimos atração.
Nascemos com nosso sexo biológico, mas ele às vezes pode não representar a maneira como sentimos e queremos ser. A transexualidade é assunto complexo, que abarca muitas especialidades e caminhos. Porque entre o feminino ou o masculino você também pode escolher nenhum dos dois, abraçando uma terceira identidade de gênero, chamada de “não-binária”.
Na discussão desse assunto, a literatura brasileira ainda engatinha. São poucas e ainda iniciais as representações trans na literatura de ficção brasileira. Somam-se ainda, outras poucas autobiografias de pessoas que não se identificavam com seu sexo biológico. Por isso, reunimos algumas delas hoje.
A nossa estante hoje, ganha então sua prateleira trans. Confira:
1 – Viagem solitária, de João W. Nery
João W. Nery foi o primeiro homem transexual a realizar a cirurgia de redesignação sexual no Brasil em 1977, em plena ditadura civil militar. Sua história de luta e de transformação é narrada em sua autobiografia de maneira emocionante após viver 30 anos sem que ninguém soubesse de sua identidade trans e ter um filho já adulto.
2 – Nicola: Um romance transgênero, de Danilo Angrimani
Lançado em 1999, a obra de Danilo Angrimani é provavelmente a primeira ficção a abordar o assunto da transexualidade de maneira direta na literatura brasileira. Segundo a sinopse oficial, conta a história de “um professor universitário sisudo, casado e com filhos, tem uma vida secreta: quando se olha no espelho, vê uma mulher vagabunda e aventureira esperando para se manifestar.”
3- Corpo da Roupa, de Leticia Lanz
Primeiro grande estudo publicado no Brasil sobre as diferentes identidades de gênero, a obra da transexual Leticia Lanz faz uma pesquisa extensa em linguagem didática, traçando um panorama sobre os mais diversos aspectos do assunto. Diferenciando diversos conceitos como travestis, crossdressers, transexuais, andróginos, drag queens, transformistas, dentre outros. O livro traz ainda uma edição do Dicionário Transgênero, publicado pela autora, desde 2006, no site Arquivo Transgênero.
4 – Meu nome é Amanda, da Mandy Candy
Na onda dos livros de youtuber, muitos torcem o nariz. Mas no caso de Mandy Candy, ela tem muita história pra contar. Aos 19 anos, com o apoio da mãe, ela fez sua cirurgia de redesignação sexual na Tailândia. Nascida no Rio Grande do Sul, Amanda conta sobre sua vida e sua trajetória e sentir desconectada com seu próprio corpo, abordando ainda assuntos como o bullying e o feminismo.
5- A Queda Para o Alto, de Anderson Herzer
Anderson Herzer nasceu Sandra Mara, foi um poeta e escritor brasileira, viveu apenas 20 anos, ex-interno da FEBEM e com uma história de vida difícil. A dor de sua trajetória se transformou em literatura, na autobiografia “A queda para o alto”. Onde narra suas várias passagens na famosa instituição de reclusão de menores, narrando os maus tratos que sofreu e suas relações com as internas. A obra traz ainda poemas do autor.
6- Singular, de Thati Machado
Obra de ficção contemporânea, o romance é escrito por Thati Machado, autora estritamente ligada as questões da diversidade e da representatividade. “Singular” é um spin-off de “Poder Extra G”, narrando a história do protagonista Noah, um garoto – com ponto final – que nasceu menina mas sempre soube que seu corpo não representava o que ele sentia internamente. A história narra ainda o romance do protagonista com uma jovem que ele conhece no carnaval do Rio de Janeiro. A obra teve mais de um milhão de leituras no Wattpad e agora está em versão nova disponível na Amazon.
Quer acompanhar?
7- E se eu fosse puta, da Amara Moira
Escritora, doutoranda, travesti e prostituta. Amara narra sua vivência entre todas esses adjetivos no livro que surgiu de seu blog. Sua escrita de maneira crua e visceral conta a história de sua transição, as suas descobertas e vivência sexuais em sua profissão. Além de seus relatos, a autora traz ainda uma discussão importante acerca do mundo da prostituição e seu lugar na luta feminista contemporânea. Dando um relato vivido de assuntos tabus que precisam ser discutidos.
Leonardo Antan é graduado em História da Arte, folião e escritor. Autor de romances jovens que abordam a diversidade e os conflitos contemporâneos. Para saber mais acesse sua página de autor: https://www.facebook.com/leo.antan
Conteúdo importante. Parabéns.