“O medo é a coisa de que mais medo tenho no mundo” – Michel de Montaigne
Por Mhorgana Alessandra
Thomas Hobbes, autor de Leviatã, disse que sua mãe deu à luz gêmeos: ele mesmo e o seu medo. Esse irmão segue ao nosso lado desde sempre e nos acompanha no compasso da vida. O medo nunca nos abandona! Mas afinal, porque algumas pessoas gostam tanto dessa sensação de sentir medo e porque a experiência de ler um livro com temas de suspense, terror e horror se torna mais comum a cada dia? As narrativas de horror encontram seu roteiro no desenlace da vida. O medo da morte é a prerrogativa para a atração à literatura do medo.
Pelos construtos psicológicos, o medo é a emoção relacionada aos nossos instintos de sobrevivência e a experiência do medo nos revela a consciência de nossa finitude. O maior mistério do homem é, em si, também a sua única certeza: a morte. Freud cita que uma das principais fontes do medo é a nossa “primitiva herança” com as experiências relacionadas à morte: cadáveres, retorno dos mortos, espíritos, fantasmas, demônios, dentre outros.
O universo do medo desperta as mais diferentes sensações desde os primórdios. O medo é uma emoção protagonista na história e nos produtos da imaginação do homem. Lendas de terror eram difundidas na idade média, no intuito de afastar e amedrontar as pessoas. O medo era cotidiano e a vida era, em si, uma experiência de luta contra a morte. A crueldade e as guerras eram experiências de horror. Nos últimos dois séculos, vários romances de suspense e os mais variados temas de terror e horror vêm lotando as prateleiras das bibliotecas e das livrarias. Cresce cada dia mais o comércio de artigos que remetam aos personagens de livros de suspense, horror e terror.
A literatura do medo tem conseguido arrebatar seguidores que buscam uma experiência que é real, porém as sensações de perigo não vêm acompanhadas dos riscos: ou seja, quando o medo não representa um risco verdadeiro a quem o experimenta, entramos no campo do prazer. Isso é o que torna o gênero tão popular. A literatura do medo é um escape do cotidiano, pois podemos externar sentimentos irracionais sem termos que afrontar o perigo real.
Em resumo, o horror é nomeado de acordo com o afeto que provoca. O suspense é um elemento narrativo importante para a maioria das histórias de horror. Noëll Carroll, em A filosofia do horror ou paradoxos do coração, postula que “a maioria das narrativas seria erotética”, ou seja, supõe que as cenas, situações e acontecimentos posteriores se relacionarão com os anteriores. Para Claudia Lemes, escritora e presidente da Aberst/Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror, a diferença entre o horror e terror “está na nuance do medo sentido pelo leitor. O terror é um medo acentuado do que pode estar prestes a acontecer, um medo misturado com antecipação. O horror é o medo mais relacionado a constatação do que está ou acabou de acontecer, um medo mais misturado com conhecimento de algo tão macabro que é difícil de aceitar e compreender”.
Mhorgana Alessandra, mineira, é psicóloga e escritora. Diretora da Anima, ministra palestras e consultorias sobre diversos temas do comportamento humano. Casada, mãe de duas lindas meninas, participa como autora e organizadora em diversas antologias. É idealizadora do blog literário Literanima e membro da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst).
Artigo tão bom que fiquei querendo ler mais a respeito! Parabéns!
Quero ler mais, muito mais. Ótimo texto, amei.
Obrigada querida, vou me aprofundar mais, que tal? 🙂
Obrigada querida, vou fazer uma segunda parte, o que acha? 🙂
Muito bom. O medo impulsiona certas coisas e curiosidades. Na literatura tem um grande campo e o interessante é que podemos driblar o mal e, em algumas obras, o vilão é o nosso preferido. Pode ser na pessoa de um assassino, um demônio, um vampiro, esses personagens podem ser os heróis do livro e a gente torcer para que ele vença. O campo da literatura de terror/horror é muito vasto e adorável!
E vamos juntos seguindo nesse universo sombrio meu querido amigo 🙂
Texto excelente! Em tempos de incertezas como o que estamos vivenciando, a literatura do medo tende a crescer. É uma grande oportunidade para conhecermos os ótimos escritores do gênero que temos no Brasil! Parabéns à autora pelo excelente texto e pelas brilhantes citações!
Obrigada querida, seguimos juntas no gênero! 🙂
Ótimo texto, mas ainda não me senti seduzida pelo terror/ horror. Parabéns.
Obrigada querida! 🙂
Eu amo sentir medo!
Texto muito bom, parabéns pra essa linda escritora.
Parabéns, prima!!!
Obrigada prima linda! 🙂
Muito bom esse artigo. Realmente, o medo é algo fascinante; ao mesmo tempo que nos repele nos atrai.
Quero ler mais artigos com essa temática.
Parabéns
Obrigada! Vamos seguir com o tema meu caro! 🙂
A necessidade de sentir medo é praticamente intrínseca ao ser-humano. Assistimos filmes e lemos histórias na busca pela realização dessa fantasia macabra de nos rodearmos do terror/horror sem sermos física e diretamente afetados pelas situações criadas para nos entreter.
Muito bom o artigo, bem fundamentado e com citações relevantes, que nos levam a pensar sobre o medo e sobre como conseguimos lidar com essa presença marcante no cotidiano de nossas vidas.
Que bom que gostou…Seguimos juntos nesse universo meu amigo! 🙂
Lindo texto!
O medo é o sentimento que move a humanidade.
Se não tivessemos medo, nunca teriamos abandonado nossa animalidade!
O medo, ao lado do amor, são as forças motrizes do progresso!
Obrigada querido! Esse é o nosso universo 🙂
Texto instigante, que desejamos que ele tenha o dobro de linhas para difusão explicativa da literatura do medo. Incrível!!!
Obrigada meu querido! Vamos continuar…
Amei o texto, o medo ao contrário do de dizem ele não me trava e sim me motiva, desperta a minha curiosidade.
Parabéns
Obrigada querida! Também me motiva…
Que artigo! Parabéns!
Obrigada linda! 🙂
Tenho uma luta interessante com o medo hahaha, ele acaba por me paralisar todos os dias e isso é muito ruim. Por outro lado, ele nos salva de cometer besteiras. Achei o artigo muito interessante e faz todo o sentido, é melhor viver o medo fantasioso do que o real. Parabéns pela coluna no site.
Oi querida, todos temos essa luta…obrigada!
Parabéns!Ficou ótimo, que orgulho…
Você é linda, querida…bjs
Que texto perfeito! A propriedade que traz ao falar do assunto só mostra o quão grande você é como escritora. Parabéns pelo excelente texto e pela maneira como o escreveu, pela riqueza de detalhes. O medo é essencial ❤️❤️❤️❤️
Oq m eu lindezu, feliz com suas palavras…Bjs
Oi meu amor, obrigada!! <3
Ótimo texto. Eu lembro, desde pequeno, de ter atração por coisas que me davam medo. Tanto que, filmes de terror me davam muito, muito medo, quando eu era criança, mas eu nunca parei de insistir. Pelo contrário, assistia com cada vez maior frequência. Vai saber o que isso quer dizer sobre mim… rs
Amigo, isso quer dizer que você já sabia o que seria desde sempre…rsrsrs
“O universo do medo desperta as mais diferentes sensações desde os primórdios”.
Céus, sim! O artigo ficou muito bem escrito e estimulante, me deixou com saudade da época da faculdade e dos debates sobre a humanidade. Não fosse o medo, não teria qualquer ação, acredito.
A busca pelas sensações que estimulam o medo, a adrenalina, é que torna tudo ainda mais interessante. Céus, o prazer de sentir que “sobreviveu” é indescritível. Estou curioso para saber mais do que pensa sobre, acompanharei a coluna, sim!
Amiga, teu texto meu trouxe muitas reflexões, eu que nasci medrosa e comtinuo medrosa aos 60 anos. Mas conviver com o medo me ensinou muitas coisas durante toda a vida, inclusive a ser corajosa, fazendo as coisas, apesar do medo. E eu tb estou tentando escrever contos nesta linha da Literatura do Medo. escreve mais, que está muito bom.