
por Elza Helena
Qual a imagem que a maioria das pessoas têm em relação ao índio?
19 de abril foi a data escolhida para representar e homenagear o índio brasileiro. Diante dessa circunstância várias escolas vivenciam nessa data atividades relacionadas ao tema como: danças, brincadeiras, comidas típicas, músicas e histórias indígenas do tipo: Iara, Vitória régia, A lenda da mandioca entre outras que influenciam as crianças desde a educação infantil, prevalecendo essa forma de folclorização do povo indígena até a fase adulta e se estendendo de geração a geração, uma imagem equivocada a respeito do índio, que restringe as crianças a serem pintadas e enfeitadas com penas coloridas e outros adornos, na tentativa de demonstrar que estão homenageando-os.
Demostrando que a maioria do povo brasileiro realmente desconhece as experiências, as expressões socioculturais e políticas, os conflitos, as conquistas e os diretos de um povo sofredor e discriminado.
Em certa ocasião, na sua inocência, uma aluna perguntou:
– Professora, índio pode ser médico, advogado, engenheiro ou professor? A gente entenderia o que ele está falando se encontrasse com ele na rua?
Por que será que ela tem esse pensamento e qual seria a reação dela ao se deparar com um índio de verdade. Acredito que seja pelas informações desatualizadas uma vez que a maioria dos livros didáticos mostram os índios como os primeiros habitantes que participaram da colonização e que até hoje vivem em tribos, nas florestas, afastados da realidade.
Poucos livros mostram um povo valente que ainda hoje ajuda a construir a história do nosso país com grandes contribuições artísticas, artesanais, culturais, políticas e literárias.
Existe um grupo de escritores, poetas e ativistas indígenas que mesmo sofrendo preconceitos por antropólogos que desacreditam na legitimidade do trabalho literário deles, mesmo tendo uma série de livros publicados e traduzidos para diversas línguas.
Um dos maiores exemplos de resistência desse grupo é Daniel Munduruku, conhecido e respeitado no meio literário, originário da Amazônia, hoje reside em São Paulo, escritor com mais de 30 livros publicados, administra uma instituição que defende as tradições indígenas e a maior parte do seu trabalho é voltado para o público infanto-juvenil.
Olívio Jekupe, é outro escritor indígena atuante que enfrentou diversos desafios para cursar filosofia e realizar seu sonho de se tornar escritor tendo livros publicados em italiano.
Entre as mulheres indígenas Eliane Potiguara, é escritora, professora e poetisa, com uma escrita voltada para as lutas das mulheres indígenas em 2005, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz por seu belíssimo Projeto Mil Mulheres do Mundo.
Esse é um trecho de um texto da Eliane Potiguara, sobre a literatura dos excluídos.
“… Esse Boto Literário precisa ser salpicado com as lágrimas emocionadas da Natureza, muitas desvairadas lágrimas. Aí sim, essas feridas do mundo_ que as mulheres indígenas as eternizam com seus beijos de cura, bálsamos históricos, histórias não contadas e adormecidas no fundo do rio ou dos oceanos, essas sim, são eternamente curadas, assim como o Boto Literário.”
Graça Graúna é outro valoroso modelo de escritora indígena, que envolve a sua cultura em maravilhosas poesias.
“- Vamu apanhá sol?
– Vamu.
De sal a sol, multiplicar a semente
Pelo caminho de volta
Com Tupuna sorrindo.”
Graça Graaúna, em “Poesia para mudar o mundo”.
Segundo Kaiser Esbell, artista, escritor e produtor cultural da etnia Makuxi:
” Uma coisa que eu defendo na arte é nossa autonomia em poder nos apresentarmos como seres humanos contemporâneos, com tudo o que nos é de direito de uso, de aquisição, de introjeção, de cultura, de adoção. E que nada nos impeça de nos banharmos na nossa própria origem.”
E então, que tipo de índio você imagina hoje no Brasil?
“Dançamos a dor/
Tecemos o encanto/
De índios e negros/
Da nossa gente.”
Graça Graúna , no poema “Resistência”.
Sugestões de sites que falam sobre a atualidade indígena:
• www.indioeduca.org
• temasindigenas.blogspot.com
• www.indiosonline.net

Sobre a autora:
Elza Helena, nasceu em Recife/PE, professora, psicopedagoga, autora de histórias infantis, apaixonada por esse universo encantador onde flui imaginação e criatividade. Em 2018 participou de várias antologias de contos e poesias. Em 2019 está participando de vários projetos.
Nossos índio estão sendo tratados pelo governo atual como ignorantes. Ele quer tomar suas terras para dar aos americanos que mataram seus índios.
Sou cunhada, sou suspeita.. O que posso dizer além do que o próprio texto já diz de si mesmo?..
Uma pessoa muito capacitada, inteligente.
E que não é surpreendida em sua própria superação.
A ignorância em relação ao tema só favorece e dissemina o preconceito e a discriminação. Além do prejuízo irreparável à memória histórica atual e futura do índio no Brasil.
Parabéns.
Um forte abraço.
Parabéns Elza! Uma colocação maravilhosa. Mas tenhamos fé que vamos ver um mundo melhor e mais justo para todos.
Simplesmente incrível. Amei o seu texto!
Texto incrível…
Todo dia é dia de índio!
Eles são os verdadeiros donos dessa terra.